As famílias de vítimas fatais de acidentes e homicídios em Fernandópolis e nas cidades da região onde a necropsia é feita em Rio Preto, vão ter que esperar mais tempo para a cerimônia do velório. Sem funcionários, a direção do Instituto Médico Legal – IML de Rio Preto decidiu deixar de fazer necropsia das 19h às 7h.
A medida entrou em vigor nesta terça-feira (01), até então, o local funcionava 24 horas. Agora, corpos de vítimas de morte violenta, como homicídios e acidentes de trânsito, que chegarem ao necrotério à noite, por exemplo, só serão liberados para o velório no fim da manhã do dia seguinte.
Isso aumenta ainda mais a angústia das famílias, que já sofrem com a perda do ente querido, disse o Promotor José Heitor dos Santos, corregedor da polícia pelo Ministério Público, ele determinou a abertura de inquérito civil para apurar o caso.
O Ministério Público já investiga deficiências na estrutura física do necrotério, como goteiras, falta de gerador e de aparelhos de raio x. Há dois anos, o promotor solicitou melhorias no prédio à superintendência da Polícia Técnico-Científica, mas nada foi feito.
A situação teria chegado ao limite na última semana, quando um dos quatro auxiliares de necropsia entrou de férias. Ficaram apenas três auxiliares, o que impossibilitou escala de plantão de 12 horas trabalhadas para 36 de folga.Segundo Santos, seriam necessários pelo menos seis auxiliares.
Por isso, o então diretor do IML de Rio Preto, Marcos Vinicius Baptista, comunicou o Ministério Público, a Delegacia Seccional de Rio Preto e o Departamento de Polícia Judiciária do Interior (DEINTER-5) sobre a decisão de limitar o funcionamento do necrotério das 7h às 19h, fora desse horário, os corpos serão apenas armazenados no local.
Na segunda-feira (31), ao tomar conhecimento da decisão de Baptista, a Secretaria Estadual de Segurança Pública decidiu exonerá-lo do cargo de diretor. O Governo do Estado teria desaprovado a mudança de horários do necrotério.
Em nota, a assessoria da secretaria disse que a mudança de horários “foi promovida para adequar as escalas de plantão dos auxiliares de necropsia”, afirmou
Informou também que está em fase final o concurso para contratação de 145 novos auxiliares de necropsia, dos quais 17 serão alocados na região de Rio Preto.
Por fim, disse que “a saída do Dr. Marcos Vinícius Baptista deveu-se a motivos operacionais e, nos próximos dias, será definido o novo diretor da unidade”.
O Ministério Público já investiga as más condições de trabalho tanto no IML quanto no instituto de criminalística e na Polícia Civil. O sucateamento atrasa inquéritos e, no limite, absolve criminosos.
No IML, a internet é custeada pelos próprios servidores. Além disso, o órgão tem 21 funcionários, entre médicos, auxiliares e atendentes, quando o ideal seria o dobro disso. Por falta de equipamentos, um simples exame de dosagem alcoólica precisa ser feito em São Paulo, o que atrasa o resultado em um mês.